Powered By Blogger

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

É ISTO O KARAOKE...


Com a devida vénia ao blog "Uma questão de género" (http://umaquestaodegenero.blog.com), reproduzo aqui um comentário sobre o karaoke, que me parece pertinente e sobretudo, para reflectir sobre aquilo que é e deve ser o karaoke. Pelo que percebi, são dois os autores deste blog, sendo que analisam tudo a dois, a propósito dos mais variados temas:

Karaoke

Doutora XX diz:

Hoje decidi em conjunto com o dr. xy deixar à Humanidade um testemunho sobre esse notável fenómeno que é o karaoke! Todos nós já fomos a um karaoke, e todos aqueles que não foram acreditem: estão a viver apenas a 70 %!! A experiência de cantar em frente a um aglomerado de pessoas num bar enquanto, à nossa frente, a letra da música vai mudando de cor à medida que chega o momento de a lermos é única! Em relação ao karoke diversos promenores deveriam ficar registados, mas vou debruçar-me especialmente sobre o desejo que parece invadir as pessoas nos karaokes: inscrever os seus amigos para cantar! O que normalmente acontece quando estes não querem nem têm jeito. É sempre agradável então viver em permanente sobressalto temendo que a qualquer momento alguém ao micro diga o nosso nome e demos por nós no meio de um bar com toda a gente a insistir para irmos cantar. Esta necessidade que os que nos rodeiam têm de presenciar a nossa vergonha assusta-me. Pois se isto é feito aos amigos imagine-se aos inimigos... Gosto também de frequentar karaokes para assistir ao desespero de todos aqueles que se perdem a meio da música, decidem desistir, mas não o fazem e então baixam a voz até um tom quase imperceptível. E nós, almas caridosas, decidimos cantar começando a gritar a música. O que torna a situação ridícula, pois gostaria de saber o que sente alguém que de fora vê pessoas a gritarem da sua mesa uma música e alguém em pânico, em frente a um micro, a jurar para si mesmo não tornar a repetir a experiência. Gosto também de pessoas como eu, que vão ao karaoke e depois não cantam. E respondem com um "achas?!" quando alguém pergunta "vamos cantar?". Espero pelo dia em que alguém me responda "acho!", uma vez que se alguém se desloca a um karaoke seria bastante provável que quisesse cantar. O karoke é então uma boa forma de aliviar o stress. Sendo possível encontrar num karaoke óptimas vozes que não têm consciência da sua qualidade ou péssimas vozes que porque Deus ou um surdo lhes disse que sabiam cantar se arriscam a cantar Frank Sinatra, Mariah Carey ou Whitney Houston. A visita a karaokes é então sempre um momento de grande diversão e considero que a perda deste hábito seria para a Humanidade muito prejudicial. Gostaria apenas que todos aqueles a quem a Natureza não deu uma grande qualidade vocal tentassem outro tipo de diversão. A dança por exemplo!

Doutor XY diz:

O maravilhoso mundo do karaoke permite descobrir algumas características das pessoas que decidem subir ao palco e cantar. Como me está destinado neste blog, falarei do que procura um homem no karaoke. Não posso deixar de começar este post falando daqueles que cantam realmente bem. Quem tem dotes vocais consideráveis pode ganhar um monte de prémios em concursos. Mas acho que são “um peixe fora de água”. Tudo porque o karaoke foi inventado para quem canta mal. Mesmo mal. Uma pessoa que saiba cantar, no meio dos “caceteiros” que só querem fazer seu cartão de visita cantar mal e fazer figuras de urso, está a fazer o mesmo que eu num jogo de matraquilhos contra o meu sobrinho: a entrar numa competição desigual. Porque o puto joga muito melhor que eu....
Há também quem vá cantar para fazer aquilo por que um bar inteiro anseia: estar em palco. Mal vestido, mas em palco. A fazer figuras tristes, mas em palco. É a tal ideia: “Bem ou mal, falem de mim”... O palco, desde que existem palcos no Mundo, tem este papel de fazer as pessoas tentarem tudo para serem vistas. É o local onde (nem sempre) se brilha e onde (sempre) se quer estar...
O meu caso, no que a karaokes diz respeito, tem a ver com a vontade de mostar aos amigos que somos capazes as músicas mais mirabolantes. Dedicá-las a todos eles em palco, e cantar sem olhar para o ecrã. Sabemos a letra dessas músicas perfeitamente bizarras, e isso sim, é de homem. Já cantei o “Fado do Estudante”, a “Garagem da Vizinha” ou a “Marcha do Sporting”. Até aí, tudo bem. Mas já cantei, DUAS VEZES, o “Garçon”, tema inesquecível desse vulto que é o Marante. E isso, não é para qualquer um.... Nunca terei vergonha de cantar o “Garçon”. Vergonha, é roubar e ser apanhado. Nunca fui. Ou cantar o hino do Benfica. Já cantei...
Tenho especial, mas muito especial carinho por pessoas que escolhem músicas dificílimas de cantar. Porque, tal como em qualquer actividade dificílima que uma pessoa se propõe realizar, há dois resultados possíveis: ou acontece algo de épico, e por isso inesquecível, ou algo de vergonhoso, e por isso, inesquecível também. E é nestes momentos que sentimos algo muito estranho, a “vergonha alheia”. Ficamos envergonhados com as figuras que alguém faz em palco, tão envergonhados que parecemos querer esconder-nos. E o pior de tudo é que essa vergonha deveria ser exclusiva de quem está em palco. E nunca repartida connosco...
Em todos estes grupos, o álcool tem influência. Quem canta bem, canta bem. Quem canta mal, canta mal. Mas com mais ou menos álcool se consegue acompanhar pior ou melhor, respectivamente, a letra da música. Acertar nos tempos e nos ritmos.
Termino dizendo que qualquer homem que sobe a um palco numa noite de karaoke quer causar boa impressão. Cante bem ou mal, quer é brilhar. E, se possível, dominar o Mundo..."
in http://umaquestaodegenero.blog.com/2046076/

Nenhum comentário: